Citação

"A felicidade não lhe é proporcionada por ninguém.
Ela encontra-se somente no próprio esforço
Em revelar o tesouro das profundezas de sua vida, e
se poli-lo cuidadosamente,
Desenvolverá a coragem e a esperança,
Ao longo do caminho."

Pensamento budista - Referência: Sandro Ribeiro


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Quando a gente acha as pessoas q partiram aqui mesmo

Não quero ser a orientadora de perdas, como se tivesse uma varinha mágica para sair da situação. E não acredito que 'sair da situação' seja eficiente, poque quanto mais entrar na dor melhor. Claro que se não esmaecer a dor gritante após quatro meses, é necessário a ajuda de um neuropsiquiatra para tornar a caminhada não tão sofrida. Quem pode fazer psicoterapia, no início alguem que escute sem falar, melhor. Mas a dor é tão grande que nos sentimos imersos numa solidão a qual ninguem compartilha.
Eu me lembro, eu me lembro, e já dou risada quando me lembro do meu irmãozinho Loirinho. Ele já está introjetado no meu ser. Mas não quero, não posso ouvir coisas paecidas as que ele sofreu não. Saio de perto, previno a continuação da situação. Não quero ficar patinando na vida, como a Tânia, 'a da fossa' (Jornal Pasquim, anos 60, não me lembro do nome do cartoonista).

Também perdi apos esta dura prova: amigos, cidade que eu amava, mudei que nem uma fugitiva para minha cidade natal. Nem agradeci os 43 anos de vida boa em Campinas, onde eu aprendi a ser profissional, mulher, e amiga.
Amo Campinas, acho q sou campinense de coração.
Hoje eu tive a certeza que havia um propósito maior nesta minha vinda à Cidade azul.
Andei uns bons 10 meses aqui, meio fantasma, meio gente, meio esposa, meio tia, meio sobrinha, etc. Sinto falta da minha vida lá.
Racionalmente costumo lidar bem com a coisa, mas o estresse desta mudança me pegou. Fiquei cansada, esgotada fisicamente. A minha sorte é que sou alegre de nascença, rs.

Também passei a sentir falta de meus pais, avós, tios que já partiram, todos no cemitério há duas quadras da minha casa. Que saudade. Andei chorando pelas ruas, de emoção e saudade.
Entretanto sempre tive para mim que devia me entregar a esta falta de energia, para esgotar o que deveria ser esgotado.
Na verdade sou muito amorosa, sempre quis meus parentes com paixão, com respeito, com admiração. São parte da minha vida presente, da minha alma vivente.

Hoje passei na casa do meu tio, já de idade, e com a amarga doença que se esquece.
Dois casos parecidos em sua essencia. Ele não lembra, e eu lembro demais.Embora não esteja muito certinha não, rsrs.
O acaso ou a sincronicidade, me fezperguntar para seu cuidador. 'Tem violão ai? ' E o Cidinho, alma boa, me trouxe um violão sem o 'lá'. E daí? Comecei a contar como nasceram as musicas que cantei, musicas estas que meu avô, seu pai, cantava.

'Cantei cantei (com diz Caubi / composição de Chico)... jamais pensei cantar assim'. Como foi gostoso. Meu tio ficou tão contente, o Cidinho, eu. Um milagre pq não tenho soltado a voz e eu soltei. E ao invés de chorar como era costumeiro, estava tão feliz. Que momentos abençoados em que eu descobri que meu tio são todos que perdi, e cantar para ele traz ao meu coração toda nossa raça!
Ao final ele disse: 'Agradeço você colocar coisas na minha cabeça'. Eu respondi: 'Obrigada tio, por colocar coisas no meu coração, que andava também vazio'.
Depois de um tempo, se a gente tem paciencia, descobre que um do sangue simboliza todos, e a solidão de ambos se ameniza. Tamanha experiencia tem que ser divulgada. Vou cantar sempre para ele!