Citação

"A felicidade não lhe é proporcionada por ninguém.
Ela encontra-se somente no próprio esforço
Em revelar o tesouro das profundezas de sua vida, e
se poli-lo cuidadosamente,
Desenvolverá a coragem e a esperança,
Ao longo do caminho."

Pensamento budista - Referência: Sandro Ribeiro


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Para as filhas de meia idade




Primaveras? Foram tantas...
Memórias, bom lembrar...
Amores tamanhos e tantos
e um só coração prá guardar...

Alguém deveria escrever sobre os sentimentos que temos na madrugada. Quantas vezes o sono não chama, e se chama, ao pousar a cabeça no travesseiro, sente-se o coração doer e não há como partilhar.
Procuramos àvidamente um bilhete esquecido, um diário, algo que se acredite que trará aquela mãe do passado, em cuja sabedoria a gente descansava o coração fatigado.
Será que ela sentia isto na minha idade? Como ela lidou com este sentimento?
Quando somos jovens não sabemos o que elas sentem no íntimo, e esquecemos que um dia teremos sua idade e poderemos não estar preparadas.
Eu tenho o diário de minha mãe. Nas minhas angustias noturnas, as vezes vou meio desesperada buscar uma palavra, um sinal de sua presença. Encontro a delicadeza de uma mulher que escrevia suas dores e alegrias, sozinha, como nós também, cada qual lidando com sua intimidade como pode e quer. Acho isto muito gentil! Gostaria de poupar aos mais íntimos esta caminhada, este processo, mas sinto que ele transparece. E ninguém pode ajudar em nada, são elaboraçoes de perdas pessoais, um tanto de medo e um tanto de desproteção perante a vida. Reparações inevitáveis com a gente mesma.
Imagem google: wind9.blogspot.com

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Identidades e conflitos

As conflituosas identidades nacionalistas, religiosas
e étnicas no Oriente Médio *

A identidade no Oriente Médio envolve nacionalidade, etnia e religião. Em alguns casos, a denominação da nacionalidade e da etnia é a mesma.A nacionalidade pode ser egípcia, síria, israelense, palestina, libanesa, iraniana, iraquiana, marroquina, turca, curda, iraniana e saudita por exemplo. A etnia pode ser turca, árabe, persa e curda. A religião pode ser judaica, cristã e islâmica. Dentro delas, há subdivisões, como maronitas, assírios, melquitas e ortodoxos para o cristianismo, sunitas, xiitas e alauítas para islamismo. Os conflitos na região envolvem estas identidades, como é o caso da disputa israelo-palestina. Os palestinos são os árabes não-israelenses que são descendentes ou nasceram no que hoje é Israel, Cisjordânia e faixa de Gaza. Eles podem ser cristãos (em geral ortodoxos), muçulmanos (quase todos sunitas) e drusos. Logo, ser palestino implica ser etnicamente árabe, mas não necessariamente muçulmano. Muitos líderes palestinos são cristãos. Os israelenses são judeus em sua maioria, mas podem ser também muçulmanos, drusos e cristãos, além de outras minorias. A etnia é variada, pois há judeus oriundos de diversas regiões do mundo que imigraram para Israel. Inclusive alguns nativos da Terra Santa, que são tão árabes como qualquer palestino. O judaismo é uma religião, não uma etnia, assim como o cristianismo e o islamismo. Ser israelense não implica pertencer a uma etnia ou a uma religião. O conflito entre os dois lados envolve as três identidades, mas acima de tudo a nacionalista. Dizer que palestinos ou israelenses lutam por questões religiosas apenas é um erro. No Iraque, dizemos muitas vezes que o conflito envolve sunitas, xiitas e curdos. Na verdade, o correto seria afirmar árabes-sunitas, árabes-xiitas e curdos-sunitas. Afinal, os curdos compartilham do mesmo ramo do islamismo de Saddam Hussein e da Al Qaeda. A diferença é que Saddam era árabe e eles, etnicamente, curdos. Há ainda um complicador. Os curdos se enxergam como uma nação distribuída entre a Turquia, Irã, Iraque e Síria. Portanto, além de etnia, curdo também é uma nacionalidade sem Estado, como os palestinos. Portanto, no Iraque, a disputa engloba religião, etnia e nacionalidade. Já no Líbano, o conflito é sectário somente. A nacionalidade e a etnia são as mesmas. Todos são libaneses e árabes, apesar de alguns cristãos maronitas insistirem que são fenícios. A diferença entre os libaneses é religiosa. Um libanês pertende a um de 18 diferentes ramos religiosos. Vale, porém, uma observação - há, no Líbano, armênios (que não são árabes) e palestinos (que não são libaneses), mas eles não estão envolvidos diretamente no atual conflito.Algumas destas identidades surgiram apenas no começo do século 20.Até a Primeira Guerra Mundial, toda esta região era parte do Império Otomano. Não existia Síria, Israel, Líbano ou Iraque. As divisões e unificações (caso do Iraque) posteriores acabaram por produzir este novo sentimento de identidade nacional, que é o israelense, palestino, jordaniano, sírio e libanês. Hoje, no Líbano, nenhum grupo religioso defende, por exemplo, a unificação com os sírios. Aliados e opositores de Damasco, membros da coalizão 14 de Março ou do Hezbollah, todos os libaneses sempre carregam a bandeira dos cedros em manifestações.

*Jornalista Gustavo Chacra, Mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia de Nova York.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A Passagem do Ano

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Reflexão para o ano novo

"As reviravoltas das abelhas, tão rápidas e incoerentes, parecem desenhar no espaço figuras matemáticas precisas e constituem uma linguagem. Idealizo escrever um romance no qual todos os encontros que um homem tem durante a sua existência, fugazes ou importantes, conduzidos por aquilo a que chamamos o acaso, ou pela necessidade, desenhassem igualmente figuras, exprimissem ritmos e fossem o que talvez sejam: um discurso sabiamente planeado, dedicado a uma alma para que se realize totalmente, e de que esta não apreende, ao longo da vida, mais do que algumas palavras sem continuidade. Por vezes julgo abranger o sentido deste bailado humano à minha volta, adivinhar que alguém me fala através do movimento dos seres que se aproximam, se detêm ou se afastam. Depois perco o fio à meada, como toda a gente, até à próxima grande e no entanto fragmentária evidência."

( Despertar dos Mágicos - prefácio - I)