
Primaveras? Foram tantas...
Memórias, bom lembrar...
Amores tamanhos e tantos
e um só coração prá guardar...
Alguém deveria escrever sobre os sentimentos que temos na madrugada. Quantas vezes o sono não chama, e se chama, ao pousar a cabeça no travesseiro, sente-se o coração doer e não há como partilhar.
Procuramos àvidamente um bilhete esquecido, um diário, algo que se acredite que trará aquela mãe do passado, em cuja sabedoria a gente descansava o coração fatigado.
Será que ela sentia isto na minha idade? Como ela lidou com este sentimento?
Quando somos jovens não sabemos o que elas sentem no íntimo, e esquecemos que um dia teremos sua idade e poderemos não estar preparadas.
Eu tenho o diário de minha mãe. Nas minhas angustias noturnas, as vezes vou meio desesperada buscar uma palavra, um sinal de sua presença. Encontro a delicadeza de uma mulher que escrevia suas dores e alegrias, sozinha, como nós também, cada qual lidando com sua intimidade como pode e quer. Acho isto muito gentil! Gostaria de poupar aos mais íntimos esta caminhada, este processo, mas sinto que ele transparece. E ninguém pode ajudar em nada, são elaboraçoes de perdas pessoais, um tanto de medo e um tanto de desproteção perante a vida. Reparações inevitáveis com a gente mesma.
Imagem google: wind9.blogspot.com